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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Catacumbas de Paris

   O bairro Les Halles, em Paris, estava numa situação calamitosa no século. A superpopulação do Cemitério dos Inocentes, que já tinha quase 1 000 anos de uso, tornou a região foco de doenças. Até o filósofo Voltaire descreveu a situação: “Os cachorros vêm aqui para cavoucar os ossos; um vapor grosso exala dali”. Quando um dos muros do cemitério desabou em uma casa, em 1780, o governo, depois de ouvir tanta reclamação, ordenou fechá-lo. Cinco anos depois, para eliminar o mau cheiro da região, foi decidido que o cemitério seria destruído. O serviço sanitário parisiense empreendeu, então, um grande rearranjo de mortos, que fechou cemitérios mal conservados e levou toneladas de ossos para o subsolo da cidade, nas chamadas Catacumbas de Paris.
Entre 1786 e 1788, todas as noites uma procissão de padres seguia as charretes cheias de ossos cantando o “Ofício dos Mortos”. Nesse ritual, os restos eram cobertos por véus negros. A transferência de esqueletos dos cemitérios para as Catacumbas acabou em 1860, com as reformas urbanísticas em Paris promovidas pelo barão de Haussmann. Desde então, as ossadas ficam nos próprios cemitérios.
O museu avisa sobre os riscos de galerias fechadas, mas isso nunca impediu que elas fossem visitadas por curiosos. Nos anos 60, alunos de farmácia abriam caminho para colegas de medicina, que buscavam crânios a partir de entradas na própria Universidade de Paris.


1. Mensagens sinistras
Nos corredores, placas indicam o nome do cemitério de onde os mortos vieram. Mas o mais impressionante são os poemas macabros e os trechos de literatura sacra. “Pare! Aqui é o império da morte é a primeira de muitas outras frases ao longo do circuito.
2. Mortos-vivos
Imagens como esta mostram ao visitante como era o Cemitério dos Inocentes. Ele acumulava tantos cadáveres e ossadas que o chão era 2,5 metros mais alto que o nível da rua. Hoje, no lugar, existe uma praça com uma fonte.
3. Idéia de bêbado
Há uma lenda sobre o porteiro de um hospital militar que desceu atrás de garrafas de um licor em 1793 e se perdeu. Onze anos depois, seu esqueleto foi encontrado, reconhecido pelo molho de chaves. Sua lápide podia ser visitada até 1983, mas o acesso foi bloqueado porque levava a galerias proibidas.
4. Túneis da morte
Desde o século 1 a.C., a extração de calcário foi essencial para a construção de prédios em Paris. Com o tempo, as jazidas da superfície esvaziaram e foi preciso cavar mais fundo para encontrar o material. Essa atividade de séculos criou quilômetros de túneis e galerias subterrâneos espalhados pela cidade.
5. Visual gótico
As Catacumbas têm alguns símbolos religiosos e maçônicos em sua mórbida decoração. Cruzes feitas de crânios são vistas ao longo da visita, assim como obeliscos pretos e brancos. Hericart de Thury, técnico responsável pelos, digamos, arranjos, decidiu que crânios e ossos longos ficavam à frente, e o resto, atrás.
6. Vala comum
Em duas ocasiões os mortos, ainda em decomposição, foram despejados diretamente nas Catacumbas. Esta placa marca um massacre de 25 pessoas que antecedeu a Revolução Francesa, em 1789. O outro caso foi um combate travado no Castelo de Tuilleries, em 1792.


7. Festa estranha
Grades limitam a parte aberta ao público – na verdade, um pedaço ínfimo dos cerca de 280 quilômetros de túneis subterrâneos de Paris. Mesmo assim, desde os anos 50 jovens fazem festas e passeios em galerias proibidas. Hoje, quem for pego é multado em 60 euros (cerca de 160 reais).
8. Todo mundo junto
Os ossos eram agrupados sem identificação, portanto ninguém ficou livre de ser vizinho de um inimigo. Entre os mortos da Revolução Francesa, carrascos acabaram empilhados junto a suas vítimas. Robespierre, líder revolucionário, está junto de Malesherbes, defensor do rei guilhotinado Luís XVI.
9. Noites do terror
Medrosos devem evitar as Catacumbas, que têm 1,7 quilômetro de extensão no percurso aberto aos turistas. O passeio dura 45 minutos e o sentido é único (uma vez lá dentro, é preciso fazer o percurso inteiro), 20 metros abaixo da superfície. Para completar, a iluminação é fraca.
10. Souvenir esquisito
Não é à toa que há um homem na saída do museu responsável pela revista de todas as mochilas. Freqüentemente, algum visitante tentar sair do ossuário com uma lembrança. Os ossos encontrados ficam retidos na saída, mas é praticamente impossível recolocá-los no lugar certo.

{Recortado de: abril}

1 comentários:

Drica Fernandes disse...

Oi Giulia,já que o banner não deu certo,pega só a imagem e põe o link nela,aí dá no mesmo.

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